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Por Thais Szegö

Você já pensou na importância das primeiras horas da vida de um bebê assim que ele nasce? Além de respirar sozinho e regular sua temperatura fora do útero, o recém-nascido vai aprender a mamar e passará por exames e avaliações que podem evitar problemas futuros. 

A seguir, saiba mais sobre os procedimentos essenciais nas primeiras horas de vida dos bebês.

1. Avaliação geral

Ainda na sala de parto, o pediatra neonatologista analisa se ele tem tônus muscular adequado e se está respirando naturalmente. Essa avaliação é importante porque, dentro do útero materno, o pulmão do feto fica cheio de líquido e ele recebe oxigênio através do cordão umbilical. 

Nos primeiros 30 minutos após o nascimento, ocorre uma mudança do padrão de circulação fetal para o chamado padrão de circulação neonatal, ou seja, o bebê assume sua própria respiração e sua circulação passa a ser igual a de um adulto. 

Em 90% dos casos esse processo acontece naturalmente e o bebê já vem ao mundo com um choro forte. Quando isso não ocorre, o pediatra entra em cena para tomar as atitudes necessárias. 

A equipe médica também monitora a frequência cardíaca e a cor da pele do recém-nascido. Esses parâmetros são pontuados de 0 a 2 e permitem que o médico forneça uma nota de 0 a 10, conhecida como Escore de Apgar. Valores de 8 a 10 pontos significam que a saúde está ótima; de 6 a 7 pode necessitar de algum cuidado especial; e abaixo disso indica algum problema que necessite de intervenção médica. 

“Esse processo é realizado no primeiro e no quinto minuto de vida para podermos avaliar as condições ao nascimento e as respostas do recém-nascido à ajuda prestada”, diz a médica Romy Zacharias, coordenadora da neonatologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

2. Contato pele a pele

O bebê que nasce bem, independentemente da via de parto, é colocado imediatamente no colo da mãe. O recomendado é que a golden hour — ou “hora dourada”, como é chamada essa primeira hora de vida — permita o contato pele a pele e que a mãe já ofereça o peito. Isso dá mais segurança à mulher e acalma o recém-nascido, que ouve os batimentos cardíacos da mãe e vozes conhecidas.

“Além disso, hormônios desencadeados nesse processo promovem a descida do leite mais precocemente e diminuem o risco de a mãe apresentar sangramento excessivo”, destaca a médica neonatologista Tarita De Losso, do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O contato também ajuda o bebê a já buscar o peito da mãe, estimulando a amamentação. E ainda contribui para que o recém-nascido perca menos calor.

3. Corte do cordão umbilical

O clampeamento do cordão umbilical acontece ainda com o bebê em contato com a mãe. O Ministério da Saúde recomenda que ele seja cortado quando a pulsação parar, o que significa que a circulação de sangue entre o recém-nascido e a placenta cessou — acontece entre um e três minutos após o nascimento. 

O corte no momento correto leva ao aumento no volume sanguíneo do recém-nascido e das suas reservas de ferro. Isso diminui o risco de ele desenvolver anemia nos primeiros seis meses de vida. 

4. Medidas antropométricas e colírio

Após o contato pele a pele e, principalmente, quando o bebê não estiver mais mamando, é hora de realizar as medidas antropométricas, que envolvem peso, comprimento e perímetro cefálico, a medida da circunferência da cabeça. “A aspiração das vias aéreas não é mais indicada de rotina. Ela deve ser realizada apenas se o neonatologista detectar a presença de secreção”, diz a médica da Unicamp. 

Outro cuidado importante que acontece na sala de parto é a utilização de um colírio, que deve ser pingado nos olhos do recém-nascido para fazer a profilaxia da conjuntivite neonatal. O bebê pode ser contaminado por bactérias no ventre ou ao passar pelo canal de parto e a doença pode desencadear sequelas graves, como a cegueira.

5. Vitamina e vacinas

Na sala de parto o bebê também recebe uma injeção de vitamina K. A substância é essencial para a coagulação do sangue e só começa a ser produzida para valer quando o recém-nascido está se alimentando bem. Enquanto isso não acontece, ele apresenta um déficit dessa vitamina, o que pode desencadear hemorragia. 

No que se refere às vacinas, a única que é dada na maternidade é a primeira dose contra a hepatite B. Ela deve ser aplicada nas primeiras 12 horas de vida e é importante porque ajuda a prevenir a hepatite crônica, a forma mais comum da doença em bebês contaminados ao nascer. Já a vacina BCG, que previne contra tuberculose, pode ser dada no primeiro mês de vida, mas geralmente também é oferecida na maternidade.  

6. Testes rápidos

Antes de o bebê ir para casa com os pais, ele passa por alguns testes rápidos, entre eles, o do pezinho, que permite identificar várias doenças e síndromes. A tipagem sanguínea também é feita para saber se o pequeno tem incompatibilidade sanguínea com a mãe. 

Além do teste do pezinho, o recém-nascido passa também pelos testes da orelhinha, do olhinho, do coraçãozinho e da linguinha para detectar precocemente outras doenças e problemas de saúde.

7. Primeiro banho

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o banho não precisa acontecer nos primeiros momentos após o nascimento, muito pelo contrário. “As substâncias presentes na pele do recém-nascido hidratam e protegem o tecido. Além disso, é importante que antes da lavagem a temperatura do bebê fique estável”, orienta Tarita De Losso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a realização do primeiro banho somente após 24 horas de vida.

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