Dados da Serasa Experian revelam que, entre março de 2023 e março de 2024, o gasto médio dos brasileiros no cartão de crédito foi de R$ 1.416,68. O levantamento da datatech é baseado no Cadastro Positivo, que também indicou variações nos gastos de acordo com gênero, faixa de renda e região do país.
O mês de fevereiro de 2024, por exemplo, registrou o maior ticket médio do período, com R$ 1.430,61. Já em março, houve uma leve retração para R$ 1.416,68, ainda assim o segundo maior valor do ano. Movimentos que refletem eventos sazonais, como feriados e despesas do início de ano, impactam o comportamento de consumo, especialmente em compras parceladas.
Homens usam mais o cartão de crédito do que mulheres
Os homens lideraram os gastos com cartão em março de 2024, com um ticket médio de R$ 1.581,13, enquanto as mulheres gastaram, em média, R$ 1.277,26. Essa diferença, consistente ao longo dos anos, indica um comportamento consolidado entre os gêneros.
Além disso, a renda exerce uma influência significativa no uso do crédito. Quem ganha mais de 10 salários-mínimos gastou em média R$ 3.745,67, enquanto aqueles com renda de até um salário-mínimo tiveram um ticket médio de R$ 417,51. Esses números revelam que consumidores de maior renda fazem um uso mais estratégico do cartão, enquanto os de menor renda utilizam-no para despesas cotidianas.
Centro-Oeste e Sul lideram no consumo
As regiões Centro-Oeste e Sul se destacaram em março de 2024, com gastos médios de R$ 1.556,80 e R$ 1.499,39, respectivamente. A região Norte apresentou o menor valor, com R$ 1.231,17.
Em termos de pontualidade nos pagamentos, as regiões Sul e Sudeste lideraram, com taxas de 82% e 81,9%. Por outro lado, o Norte teve o menor índice de pontualidade, com 76,3%. Esses dados reforçam o impacto das desigualdades econômicas na gestão financeira e na oferta de crédito.
O levantamento aponta também que consumidores com mais de 60 anos registraram o maior índice de pontualidade nos pagamentos, com 85,6% das faturas quitadas em dia. Em contraste, jovens de até 25 anos apresentaram uma taxa de apenas 61,1%.
A renda também influencia na regularidade dos pagamentos: quem ganha mais de 10 salários-mínimos alcançou 92,2% de pontualidade, enquanto pessoas com renda de até um salário-mínimo tiveram um índice de apenas 70%. Isso demonstra que consumidores mais velhos e com maior renda têm maior controle sobre suas finanças, enquanto os mais jovens ainda enfrentam desafios para se organizarem financeiramente.
A inadimplência no Brasil
A inadimplência é um problema recorrente no Brasil, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), cerca de 78,5% das famílias brasileiras estavam endividadas em julho de 2024.
Entre os principais tipos de dívida estão, justamente, o cartão de crédito, carnês de lojas e empréstimos bancários. Para tanto, é preciso levantar alguns pontos na tentativa de regularizar a vida financeira, e aqui vão alguns deles:
- Renegociação de dívidas: Muitas instituições oferecem condições especiais, como prazos estendidos e descontos em juros.
- Educação financeira: Buscar conhecimento sobre planejamento financeiro pode ajudar a evitar novos endividamentos.
- Uso consciente do crédito: Controlar o uso do cartão de crédito e evitar parcelamentos longos. Uma alternativa, pode ser aderir algum cartão de crédito para negativado em que os limites são menores, feitos considerando um uso mais controlado.
- Reserva de emergência: Estabelecer uma reserva para imprevistos, evitando recorrer a crédito em situações de emergência.
Por fim, o Cadastro Positivo oferece uma visão detalhada sobre o comportamento de consumo e a pontualidade dos pagamentos e ocorre regularmente de modo que permite aos brasileiros adquirirem uma noção de seus gastos dentro de um recorte nacional.
O próprio mercado financeiro o utiliza para avaliar riscos com maior precisão, promovendo uma oferta de crédito mais responsável e alinhada à realidade dos consumidores.